quinta-feira, 16 de abril de 2009

Sinta-se em casa

Dizem que o amor é dar tiros no escuro. Se isso é verdade, eu não quero dar e nem espero saber. Isso porque preciso da luz, pra tentar enxergar o que está não se pode ver.
Sabe, quando eu olho, tento ver o todo, mas algum magnetismo me puxa para os olhos. E então eu vou fuçando atrevidamente procurando pela alma. E ao chegar bem perto da entrada, volto correndo.
Para tentar disfarçar minha invasão, eu olho sério, mas se você pudesse, veria que por dentro estou corada de vergonha e com um sorrisinho sem graça. E mesmo que me dêem permissão, eu não me permito entrar. Mas eu quero. Sim, eu quero. E que confusão essa de querer e não se permitir!
Também não permito que entrem. Não pela porta da frente. Pelas janelas, sim. Eu digo "Bem-vindo". Não faço festa. Talvez o convide para um lanche. E vou deixando pouquinho por pouquinho que conheça a casa, só para que aquela sensação boa se estenda. E então começam as irritantes vozes gritando “Haja paciência!”. A célebre impaciência desse mundinho ansioso dentro e fora de nós.
E tem mais: o medo de assustar o outro com a minha cara de mentira séria. E começo a brincar e arranjar fugas para não encarar. Porque a verdade é que eu estou só brincando para continuar sorrindo mesmo se eu perder o jogo. Eu não sei jogar. Eu não quero seguir regras. Eu só quero mesmo uma coisa. Eu quero abrir a porta. A minha e a sua. Eu só não acho a chave.

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