sábado, 19 de novembro de 2011

minha escrita

Quando minhas histórias, contos, descontos, versos, inversos chegam aos seus olhos, queria que você entendesse que nem todas as palavras são sobre você.
Mas todas as minhas vírgulas são de amor. A pausa entre uma coisa e outra é o tempo do amor, o tempo do instante congelado.
Já você, está nas entrelinhas, escondido meio que sem querer querendo.
E meus pontos são sempre de exclamação, para fazer escândalo, chamar sua atenção.
Na exclamação, eu vivo de recomeçar. Nas vírgulas, respiro para poder amar. No dito não-dito, eu exclamo as vírgulas.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Sobre unhas quebradas e otimismo

Minha unha quebrou. E eu chorei. Sentei na calçada da rua e chorei. Eu não queria ajuda. Não podia dizer "choro porque minha unha quebrou". É um motivo estúpido. O mundo não está preocupado com os meus problemas, ele mal consegue lidar com os seus próprios. Eu não sou grande como o mundo e às vezes, lido tão mal com os meus. Eu sou meu próprio mundo. Que desastre.
Não é um motivo estúpido. É meu motivo. Meu humor, minhas emoções, minha sensibilidade, meu dia, meus problemas, minhas vidas são tão mais complexas que uma unha quebrada, mas às vezes se resumem a ela. E quem vai me dizer que eu não posso querer chorar, gritar, pedir socorro, um abraço só porque eu perdi o ônibus, quebrei a unha ou fiquei presa no elevador? Tem dias que uma lasca de unha dói mais que um corpo inteiro lascado. E não é preciso explicação ou solução. A unha cresce, outro ônibus passa, o elevador volta a funcionar. A gente sabe. Nós só precisa lembrar que sabemos.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Máquina

Se tudo fosse como abrir e fechar janelas no computador
Que simples seria
esconder o choro, ignorar um amor, terminar uma briga
Minimizar as pequenas chatas coisas, as preocupações
Fechar a dor, a tristeza, o desamor
Maximizar, só se fosse alegria
Que vida boa seria
Um clique,
a pele nem sente
Nem sente

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os sentimentos não deveriam ir para o dicionário

Estava na dúvida se amava de verdade. Foi procurar no dicionário para ter certeza. Culpou-se. Talvez não amasse. Estava enganada esse tempo todo. Falavam em zelo, dedicação, afeição, ternuna, afeto, apego. Mais sentimentos. Ela queria algo concreto. Queria poder pegar no amor, embrulhar, enviar pra presente. Foi então procurar o significado dessas palavras que definiam o amor. Umas levavam às outras e todas voltavam ao início: amor. 
Queria chorar. Ela entendeu:  amor é um círculo vicioso, voltando sempre a si mesmo.O início sem final, o final sem início. Um que vai a dois e dois que volta a um. Não amava - concluiu. Não queria amar. Não daquele jeito. Se era para amar com repetições, voltando sempre ao começo, não queria. Não queria a possibilidade de um e dois, queria o três, quatro, treze, duzentos, um milhão, o infinito de caminhos. Queria o amor que muda, que avança, que cresce, que aprende. Amor que não se importa com início, meio e  fim. E sim com a possibilidade. 
Fugiu. Mandou uma carta para ele explicando o ocorrido, que não podia mais vê-lo pois amava do jeito errado,e que ele nao merecia isso. Ele, muito pacientemente, explicou a ela que cada um tinha seu jeito de sentir, que não podíamos classificar ou quantificar os sentimentos. Ela não acreditava, disse que os livros não se enganavam e que o dicionário era o livro que mais sabia pois tinha a definição de todas as coisas do mundo. 
Um dia, depois de alguns meses, recebeu em sua casa uma caixa cheia de livros de poesia com um bilhete que dizia: mando-lhe os corretos dicionários.