domingo, 14 de junho de 2009

Escolha bem seus sapatos

Nove horas
Ele tinha dito oito e meia, mas sabe como é
Ele não se importaria quando a visse
Não daquele jeito
Seus olhos sorriam
Desceu os degraus com cuidado
Suas pernas estavam deslumbrantes
Com aqueles saltos
Pecaminosamente instigantes
Ela não está acostumada
Não como aquelas mulheres com sete centímetros a mais
que desfilam majestosamente
Ela parece estar sempre com pressa
Como se quisesse glorificar cada momento
Mas hoje foi diferente
Ela fez tudo com uma calma encantadora, tão devagar ....
Como se cada segundo fosse uma dedicatória à vida
Cabelos cheirosos, unhas pintadas, perfume, vestido impecável
Sim, estava linda

Nove e quinze, nove e meia, dez horas
Tic tac
Será que algo teria acontecido?
Será que ela tinha entendido errado?
Resolveu ir para o restaurante
"Taxi!"
Esperando...
Apoiou-se no muro da rua
Onze horas, meia noite
E os malditos sapatos;
torturantes
Voltar para casa, sim
Andava e pensava
As vezes pensava e esquecia de andar

Abriu a porta
Parou em frente ao espelho
Veja seu reflexo
Eu posso jurar que nesse momento caiu uma lágrima de seus olhos
Não chore por tão pouco
Não, chore
Chore na sua pureza, garota
Chore por sua imaginação
Chore toda sua volúpia
E depois ria-se
Veja como tudo já passou
Sabe, seu cabelo fica bem melhor assim, bagunçado
Vá, gargalhe de toda essa dor
Porque é certo que você fica bem melhor sorrindo
A culpa não é sua
Eram apenas os sapatos errados

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