domingo, 22 de março de 2009

Rua de Pedras Vermelhas

Ela mora numa rua de pedras vermelhas incomuns
É silenciosa, do tipo que não vemos mais hoje em dia
Número treze, entrada simples de degraus escorregadios

Ela chega, sem tempo de avisar o tempo.
E você pode perceber pelo peso de seus suaves passos
Que quase sem querer chamam atenção
E assim, nem que seja por um segundo, ela sempre se faz notar
Que aconchego nesse dia frio, poder observá-la.
Ela desvia graciosamente das poças de chuva no chão
Ou seriam de lagrimas minhas que derramei enquanto esperava?
Ela nunca saberá.

Eu esperei tanto...

O colorido de seus lábios rosas
Misturando-se com o vermelho do chão e as poças
Ela exagera emoções
E se diverte enquanto todos assistem
Seus olhos de criança, inocentes, sorriem ao dizer “Bom dia” ao porteiro.
Como ela consegue sorrir com os olhos?

Que linda mulher, penso.

Você prestou atenção nas suas unhas vermelhas?
Seria ela capaz de ferir alguém?
Será que eu me arriscaria a saber a resposta?
Agora eu estou mais perto...
Posso sentir seu gosto... derretendo na minha boca
Ah sim, eu consigo ouvir o sussurro doce de seus lábios apimentados,
Me chamando...
E eu estou tão perto...tão perto...

...

E de repente eu vejo apenas uma sombra alta e forte se aproximando
Passando pelo número nove, onze, treze!

Braços fortes a enlaçar aquela pequena criatura
Abraçar a minha menina!
E eu fecho os olhos por alguns segundos tentando acreditar ser só uma ilusão.
E ela não está mais lá.

Até amanha, menina.
Eu voltarei à sua porta;na rua de pedras vermelhas.
Vermelhas, machucadas pelo meu caminhar.

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