domingo, 31 de julho de 2011

Sobre o meu amor

Eu vou conhecer meu amor naquela exposição super cult, naquele lugar que seu amigo meio new-age indicou. Ele será meio underground, fã de Bob Dylan, vai curtir Nirvana e ouvir Los Hermanos no último volume. Ele terá um ar meio fora do ar, vai falar das estrelas e tocar baixo enquanto eu pinto as unhas dos pés.
Na verdade, meu bem vai estar num debate de cinema neo-realista. Ele ouve Chico Buarque no carro, lê Umberto Eco e cozinha a melhor lasanha. Ele escreve contos, lê histórias em quadrinho e joga tênis.
Pensando bem, meu amado estará tomando café na minha livraria preferida, ele gostará de Cartola, deixa a barba por crescer, toca violino, gosta de filosofia e não lê best-seller. Ele adora tirar fotos e dirige uma moto. É campeão de xadrez, está aprendendo a surfar e faz uma ótima massagem nas costas.
Melhor ainda: vou conhecer meu amor naquela festa chata da sua melhor amiga e descobrir que ele adora Eddie Vedder e toca violão. Ele tem um estilo meio novo-nerd, nós vamos discutir Hitchcock aos domingos, Godard às segundas e nas sextas vamos assistir a um blockbuster.
Decidi-me: meu amor vai esbarrar em mim no meu bar predileto, ele ouve Beatles, sabe cozinhar tudo de culinária tailandesa e italiana, lê poesia, corre na praia e tem as mãos quentes. Ele sabe contar piadas e não suporta pagode.

Quer saber, o meu amor vai ser do jeito dele. E eu do meu.
Se não der certo, não tem jeito. Será desfeito.
E refeito, um novo amor.