quarta-feira, 24 de junho de 2009

Alguém explica?

Quando o amor acontece?

Acontece quando se vê o outro só
Mesmo estando junto
Dois juntos e sós
Numa solidão compartilhada
E quando se pode compartilhar solidão
Está-se então em um,
conjunto.

domingo, 14 de junho de 2009

Escolha bem seus sapatos

Nove horas
Ele tinha dito oito e meia, mas sabe como é
Ele não se importaria quando a visse
Não daquele jeito
Seus olhos sorriam
Desceu os degraus com cuidado
Suas pernas estavam deslumbrantes
Com aqueles saltos
Pecaminosamente instigantes
Ela não está acostumada
Não como aquelas mulheres com sete centímetros a mais
que desfilam majestosamente
Ela parece estar sempre com pressa
Como se quisesse glorificar cada momento
Mas hoje foi diferente
Ela fez tudo com uma calma encantadora, tão devagar ....
Como se cada segundo fosse uma dedicatória à vida
Cabelos cheirosos, unhas pintadas, perfume, vestido impecável
Sim, estava linda

Nove e quinze, nove e meia, dez horas
Tic tac
Será que algo teria acontecido?
Será que ela tinha entendido errado?
Resolveu ir para o restaurante
"Taxi!"
Esperando...
Apoiou-se no muro da rua
Onze horas, meia noite
E os malditos sapatos;
torturantes
Voltar para casa, sim
Andava e pensava
As vezes pensava e esquecia de andar

Abriu a porta
Parou em frente ao espelho
Veja seu reflexo
Eu posso jurar que nesse momento caiu uma lágrima de seus olhos
Não chore por tão pouco
Não, chore
Chore na sua pureza, garota
Chore por sua imaginação
Chore toda sua volúpia
E depois ria-se
Veja como tudo já passou
Sabe, seu cabelo fica bem melhor assim, bagunçado
Vá, gargalhe de toda essa dor
Porque é certo que você fica bem melhor sorrindo
A culpa não é sua
Eram apenas os sapatos errados

sábado, 13 de junho de 2009

Essência

"Tudo que se vê é miragem. Procura a essência que não se vê" K. Gibran

* Às vezes a essência é podre

terça-feira, 2 de junho de 2009

Rio de contradição

É Cristo Redentor
abraçando asfalto ao som da Bossa Nova
Abraçando favela ao som do samba
É Carnaval
misturando Ipanema e Vidigal
É conversa fiada no botequim
e na esquina, é boca de fumo
É praia domingo
e “pega ladrão!”
É verão com mulata bronzeada
É calor, é dengue, é dor na fila do hospital
É desgoverno
É futebol
e desorganização na torcida organizada
É asfalto quente
Onde tem capoeira
Asfalto que sangra de bala perdida
Encontrando dona Ana
encontrando Seu João
E abençoa a todos, São Sebastião!
No Paraíso do sol
Mais um ônibus queimado
No inferno da cidade sol
Queimando Corcovado
É um Rio de harmonia
Secando...
Rio de alegria
Molhando
A Paz de Açúcar
Suando; ilusão
Rio de tragédia
Se afogando na corrupção
É poesia na contradição

* estou sem tempo para escrever, então vou começar a postar coisas antigas. Beijo.